Esse gênero literário colorido, ilustrado e cheio de recursos gráficos estimula as turmas de pré-escola a tomar gosto pela leitura.
Adriana Toledo (novaescola@atleitor.com.br)
Adriana Toledo (novaescola@atleitor.com.br)
Foi-se o tempo em que os gibis eram proibidos na sala de aula e as crianças tinham de escondê-los sob a carteira. Os quadrinhos são uma excelente opção para incentivar a leitura em quem está entrando no mundo das letras. A começar pelos personagens, que, por si só, são atraentes para a garotada. "Eles despertam interesse por serem bem conhecidos", explica o psicólogo José Moysés Alves, da Universidade Federal do Pará.
"Afinal, estão presentes em brinquedos, jogos, roupas, embalagens, peças de teatro e desenhos na televisão. Sem contar que os protagonistas passam por situações parecidas com as de seus leitores: vão à escola e ao parque, têm pesadelos e medo de dentista. Isso promove a identidade e a familiaridade entre eles."
Mas o grande trunfo são os recursos gráficos. As imagens aparecem associadas a textos coloquiais e permitem que a criança antecipe o enredo e atribua sentido à história, mesmo sem saber ler. Para Beatriz Gouveia, coordenadora do programa Além das Letras, do Instituto Avisa Lá, em São Paulo, as onomatopéias, como "ploft" e "grrr", também são importantes para facilitar a compreensão de diversas situações e emoções.
O mesmo vale para os balões. Só de olhar é possível saber se um personagem está pensando, gritando ou conversando. "Com essas informações, fica fácil entender a trama", afirma Silvana Augusto, selecionadora do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10. Ela lembra que as publicações são baratas e acessíveis, o que permite a compra de vários exemplares da mesma edição para distribuir na sala. Com isso, as crianças podem acompanhar a leitura em voz alta pelo professor.
Quadrinhos e fantoches
Para explorar essas características, o professor Marcelo Campos, da EMEI Sonho de Criança, em Pompéia, no interior de São Paulo, criou o projeto Semeando o Prazer de Ler com as Histórias em Quadrinhos – vencedor do Prêmio Professores do Brasil (dado pelas fundações Orsa e Bunge, com o apoio do Ministério da Educação). Ele fez uma pesquisa e descobriu que 70% das crianças não vivenciavam situações de leitura em casa. Por isso, apostou nas histórias em quadrinhos para iniciar o trabalho com classes de crianças com 4 e 5 anos .
Marcelo começou perguntando quais eram as histórias e os personagens mais conhecidos. Com esses dados, confeccionou fantoches dos mais populares e, nas encenações, falava um pouco das características físicas e psicológicas de cada um. Ao apresentar a Mônica, por exemplo, ele chamou a atenção para o fato de ela só usar roupas vermelhas e sempre se irritar com o Cebolinha. Foi a forma que ele encontrou de antecipar informações e facilitar a compreensão do enredo.
Como a escola não tinha as revistinhas, Marcelo mobilizou a comunidade para montar a gibiteca, espalhando cartazes pela vizinhança e pedindo ajuda aos pais. Em pouco tempo, cerca de 300 gibis já estavam catalogados na escola.
As crianças podiam levá-los para casa duas vezes por semana e tinham de devolver no dia combinado e cuidar do material. Isso permitiu que todas manuseassem as histórias, criando as noções de como se comporta um leitor de quadrinhos. Na etapa seguinte, Marcelo organizou uma leitura coletiva. Com a ajuda de um retroprojetor, ele reproduziu algumas histórias em transparências para a turma perceber detalhes da paisagem e dos personagens. No fim de cada projeção, Marcelo lia o texto na íntegra para todos entenderem a ordem sequencial.
Compartilhar os gibis
Para encerrar o trabalho, o professor organizou uma verdadeira gibiteca itinerante. Uma carroceria de caminhão cedida pela prefeitura foi adaptada para transportar as crianças e o acervo e virou o Trenzinho da Leitura. Seu objetivo? Disseminar o prazer de ler. Uma vez por semana, a turma visita outras unidades educacionais do bairro para apresentar os personagens e falar sobre as histórias, formar rodas de leitura com crianças de todas as idades e emprestar as revistinhas. O saldo do projeto foi animador: todos se tornaram loucos por gibis, procurando- os espontaneamente. E tudo isso antes mesmo de estarem alfabetizados.
Atividades - Sequência didática
Conteúdos
"Afinal, estão presentes em brinquedos, jogos, roupas, embalagens, peças de teatro e desenhos na televisão. Sem contar que os protagonistas passam por situações parecidas com as de seus leitores: vão à escola e ao parque, têm pesadelos e medo de dentista. Isso promove a identidade e a familiaridade entre eles."
Mas o grande trunfo são os recursos gráficos. As imagens aparecem associadas a textos coloquiais e permitem que a criança antecipe o enredo e atribua sentido à história, mesmo sem saber ler. Para Beatriz Gouveia, coordenadora do programa Além das Letras, do Instituto Avisa Lá, em São Paulo, as onomatopéias, como "ploft" e "grrr", também são importantes para facilitar a compreensão de diversas situações e emoções.
O mesmo vale para os balões. Só de olhar é possível saber se um personagem está pensando, gritando ou conversando. "Com essas informações, fica fácil entender a trama", afirma Silvana Augusto, selecionadora do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10. Ela lembra que as publicações são baratas e acessíveis, o que permite a compra de vários exemplares da mesma edição para distribuir na sala. Com isso, as crianças podem acompanhar a leitura em voz alta pelo professor.
Quadrinhos e fantoches
Para explorar essas características, o professor Marcelo Campos, da EMEI Sonho de Criança, em Pompéia, no interior de São Paulo, criou o projeto Semeando o Prazer de Ler com as Histórias em Quadrinhos – vencedor do Prêmio Professores do Brasil (dado pelas fundações Orsa e Bunge, com o apoio do Ministério da Educação). Ele fez uma pesquisa e descobriu que 70% das crianças não vivenciavam situações de leitura em casa. Por isso, apostou nas histórias em quadrinhos para iniciar o trabalho com classes de crianças com 4 e 5 anos .
Marcelo começou perguntando quais eram as histórias e os personagens mais conhecidos. Com esses dados, confeccionou fantoches dos mais populares e, nas encenações, falava um pouco das características físicas e psicológicas de cada um. Ao apresentar a Mônica, por exemplo, ele chamou a atenção para o fato de ela só usar roupas vermelhas e sempre se irritar com o Cebolinha. Foi a forma que ele encontrou de antecipar informações e facilitar a compreensão do enredo.
Como a escola não tinha as revistinhas, Marcelo mobilizou a comunidade para montar a gibiteca, espalhando cartazes pela vizinhança e pedindo ajuda aos pais. Em pouco tempo, cerca de 300 gibis já estavam catalogados na escola.
As crianças podiam levá-los para casa duas vezes por semana e tinham de devolver no dia combinado e cuidar do material. Isso permitiu que todas manuseassem as histórias, criando as noções de como se comporta um leitor de quadrinhos. Na etapa seguinte, Marcelo organizou uma leitura coletiva. Com a ajuda de um retroprojetor, ele reproduziu algumas histórias em transparências para a turma perceber detalhes da paisagem e dos personagens. No fim de cada projeção, Marcelo lia o texto na íntegra para todos entenderem a ordem sequencial.
Compartilhar os gibis
Para encerrar o trabalho, o professor organizou uma verdadeira gibiteca itinerante. Uma carroceria de caminhão cedida pela prefeitura foi adaptada para transportar as crianças e o acervo e virou o Trenzinho da Leitura. Seu objetivo? Disseminar o prazer de ler. Uma vez por semana, a turma visita outras unidades educacionais do bairro para apresentar os personagens e falar sobre as histórias, formar rodas de leitura com crianças de todas as idades e emprestar as revistinhas. O saldo do projeto foi animador: todos se tornaram loucos por gibis, procurando- os espontaneamente. E tudo isso antes mesmo de estarem alfabetizados.
Atividades - Sequência didática
Conteúdos
• Leitura e manuseio de histórias em quadrinhos.
• Valorização da leitura como fonte de prazer e cultura na escola e na comunidade.
• Envolvimento de crianças, pais e comunidade em situações de leitura.
ANO: Pré-escola.
Tempo estimado: Dois meses.
Objetivos:
• Estimular nas crianças o prazer de ler antes da alfabetização.
• Aproximar a escola e a comunidade por meio da leitura.
• Formar leitores competentes.
Material necessário :
Gibis variados, com o máximo possível de exemplares repetidos, cartolina, tesoura, transparências e retroprojetor.
Desenvolvimento:
Desenvolvimento:
1ª etapa Reúna as crianças e pergunte quais personagens elas conhecem. Discuta as principais características de cada um e apresente algumas informações comportamentais e físicas. Depois dessa conversa inicial, mande um bilhete aos pais ou fale com eles sobre a importância do projeto. Aproveite para convidá-los a participar. Uma das maneiras é pedir a doação de gibis. Outra é perguntar sobre a possibilidade de eles comparecerem durante uma hora na escola, no decorrer do projeto, para ler para a turma ou participar como ouvintes das rodas de leitura. Ao receber as doações, catalogue e organize-as por título para ficar mais fácil encontrar o desejado. Assim estará montada a gibiteca. Para animar a garotada e controlar os empréstimos, faça carteirinhas de sócios para todos (que tal colocar uma foto também?).
Anote as datas de retirada e de devolução. Aproveite os momentos de organização do acervo para ensinar a manusear o material corretamente: as páginas devem ser viradas com cuidado e com as mãos limpas para não rasgar nem amassar. Explique que é preciso se comprometer a devolver o gibi na data estipulada para que outros colegas possam ler depois.
2ª etapa Prepare transparências com algumas sequências e apresente as histórias com a ajuda de um retroprojetor. Faça uma máscara de cartolina para cobrir os quadrinhos, pois o ideal é mostrá-los um a um. Dessa maneira, todos vão fazer uma observação minuciosa das expressões fisionômicas dos personagens e dos detalhes das cenas. Chame a atenção para o formato dos balões e as onomatopéias. Depois de analisar cada um, pergunte: "O que será que vem no próximo?", para estimular as crianças a antecipar o enredo. Depois, leia o texto completo para a turma entender a sequência.
3ª etapa Para a leitura compartilhada, distribua exemplares do mesmo gibi para que todos possam acompanhar a história individualmente, em duplas ou trios. Depois que a turma tiver um bom repertório, escolha uma das histórias, recorte os quadrinhos e embaralhe-os. Organize a sala em grupos e distribua um montinho com uma sequência completa para cada um. O desafio é remontar na ordem correta.
4ª etapa Repita os momentos de leitura várias vezes durante a semana – o ideal é fazer disso uma atividade permanente durante o ano. É hora de chamar os pais que se dispuseram no início a participar do projeto para comparecer à sala. Eles podem ser leitores ou simplesmente ouvir as histórias na roda. Cuide para que esses momentos sejam bem descontraídos. Uma idéia é levar os pequenos para ler no parque. Outra, espalhar colchonetes e deixá-los curtir os quadrinhos à vontade.
Avaliação:
Para saber se os objetivos foram alcançados, observe se depois dessas atividades as crianças buscam espontaneamente a leitura de gibis e com que frequência, se comentam as histórias preferidas e se adquiriram o hábito de levá-los emprestados para casa.
BIBLIOGRAFIA
Como Usar as Histórias em Quadrinhos na Sala de Aula, Angela Rama e outros, 160 págs., Ed. Contexto, tel. (11) 3832-5838, 25 reais
Revista Nova Escola - Língua Portuguesa- Alfabetização inicial - Edição 208 12/2007
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