quinta-feira, 30 de setembro de 2010

DICA DE LEITURA

ORTOGRAFIA: ENSINAR E APRENDER

Artur Gomes de Morais


Muitos professores vivem hoje com dúvidas. "Devo mudar a maneira de ensinar por causa do novo acordo ortográfico?" "Devo corrigir os textos espontâneos dos meus alunos?" " Devo considerar os erros ortográficos na hora de avaliá-los?" "Como ensinar ortografia sem recorrer aos exercícios tradicionais?" Em resposta a tais perguntas, este livro propõe um enfoque construtivista no ensino de ortografia.

Ortografia: ensinar e aprender ajuda o professor a identificar quais aspectos de nossa norma ortográfica os alunos podem aprender por meio da compreensão e quais precisarão memorizar. Para isso, o autor apresenta e discute uma série de princípios e encaminhamentos didáticos que levam o estudante a aprender a ortografia, tomando-a como objeto de reflexão.

"EU JÁ SEI LER GIBI"


Esse gênero literário colorido, ilustrado e cheio de recursos gráficos estimula as turmas de pré-escola a tomar gosto pela leitura.
Adriana Toledo (novaescola@atleitor.com.br)



Foi-se o tempo em que os gibis eram proibidos na sala de aula e as crianças tinham de escondê-los sob a carteira. Os quadrinhos são uma excelente opção para incentivar a leitura em quem está entrando no mundo das letras. A começar pelos personagens, que, por si só, são atraentes para a garotada. "Eles despertam interesse por serem bem conhecidos", explica o psicólogo José Moysés Alves, da Universidade Federal do Pará.
"Afinal, estão presentes em brinquedos, jogos, roupas, embalagens, peças de teatro e desenhos na televisão. Sem contar que os protagonistas passam por situações parecidas com as de seus leitores: vão à escola e ao parque, têm pesadelos e medo de dentista. Isso promove a identidade e a familiaridade entre eles."
Mas o grande trunfo são os recursos gráficos. As imagens aparecem associadas a textos coloquiais e permitem que a criança antecipe o enredo e atribua sentido à história, mesmo sem saber ler. Para Beatriz Gouveia, coordenadora do programa Além das Letras, do Instituto Avisa Lá, em São Paulo, as onomatopéias, como "ploft" e "grrr", também são importantes para facilitar a compreensão de diversas situações e emoções.
O mesmo vale para os balões. Só de olhar é possível saber se um personagem está pensando, gritando ou conversando. "Com essas informações, fica fácil entender a trama", afirma Silvana Augusto, selecionadora do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10. Ela lembra que as publicações são baratas e acessíveis, o que permite a compra de vários exemplares da mesma edição para distribuir na sala. Com isso, as crianças podem acompanhar a leitura em voz alta pelo professor.

Quadrinhos e fantoches

Para explorar essas características, o professor Marcelo Campos, da EMEI Sonho de Criança, em Pompéia, no interior de São Paulo, criou o projeto Semeando o Prazer de Ler com as Histórias em Quadrinhos – vencedor do Prêmio Professores do Brasil (dado pelas fundações Orsa e Bunge, com o apoio do Ministério da Educação). Ele fez uma pesquisa e descobriu que 70% das crianças não vivenciavam situações de leitura em casa. Por isso, apostou nas histórias em quadrinhos para iniciar o trabalho com classes de crianças com 4 e 5 anos .
Marcelo começou perguntando quais eram as histórias e os personagens mais conhecidos. Com esses dados, confeccionou fantoches dos mais populares e, nas encenações, falava um pouco das características físicas e psicológicas de cada um. Ao apresentar a Mônica, por exemplo, ele chamou a atenção para o fato de ela só usar roupas vermelhas e sempre se irritar com o Cebolinha. Foi a forma que ele encontrou de antecipar informações e facilitar a compreensão do enredo.
Como a escola não tinha as revistinhas, Marcelo mobilizou a comunidade para montar a gibiteca, espalhando cartazes pela vizinhança e pedindo ajuda aos pais. Em pouco tempo, cerca de 300 gibis já estavam catalogados na escola.
As crianças podiam levá-los para casa duas vezes por semana e tinham de devolver no dia combinado e cuidar do material. Isso permitiu que todas manuseassem as histórias, criando as noções de como se comporta um leitor de quadrinhos. Na etapa seguinte, Marcelo organizou uma leitura coletiva. Com a ajuda de um retroprojetor, ele reproduziu algumas histórias em transparências para a turma perceber detalhes da paisagem e dos personagens. No fim de cada projeção, Marcelo lia o texto na íntegra para todos entenderem a ordem sequencial.

Compartilhar os gibis

Para encerrar o trabalho, o professor organizou uma verdadeira gibiteca itinerante. Uma carroceria de caminhão cedida pela prefeitura foi adaptada para transportar as crianças e o acervo e virou o Trenzinho da Leitura. Seu objetivo? Disseminar o prazer de ler. Uma vez por semana, a turma visita outras unidades educacionais do bairro para apresentar os personagens e falar sobre as histórias, formar rodas de leitura com crianças de todas as idades e emprestar as revistinhas. O saldo do projeto foi animador: todos se tornaram loucos por gibis, procurando- os espontaneamente. E tudo isso antes mesmo de estarem alfabetizados.


Atividades - Sequência didática

Conteúdos


• Leitura e manuseio de histórias em quadrinhos.
• Valorização da leitura como fonte de prazer e cultura na escola e na comunidade.
• Envolvimento de crianças, pais e comunidade em situações de leitura.

ANO: Pré-escola.

Tempo estimado: Dois meses.

Objetivos:

• Estimular nas crianças o prazer de ler antes da alfabetização.
• Aproximar a escola e a comunidade por meio da leitura.
• Formar leitores competentes.

Material necessário :

Gibis variados, com o máximo possível de exemplares repetidos, cartolina, tesoura, transparências e retroprojetor.

Desenvolvimento:


1ª etapa Reúna as crianças e pergunte quais personagens elas conhecem. Discuta as principais características de cada um e apresente algumas informações comportamentais e físicas. Depois dessa conversa inicial, mande um bilhete aos pais ou fale com eles sobre a importância do projeto. Aproveite para convidá-los a participar. Uma das maneiras é pedir a doação de gibis. Outra é perguntar sobre a possibilidade de eles comparecerem durante uma hora na escola, no decorrer do projeto, para ler para a turma ou participar como ouvintes das rodas de leitura. Ao receber as doações, catalogue e organize-as por título para ficar mais fácil encontrar o desejado. Assim estará montada a gibiteca. Para animar a garotada e controlar os empréstimos, faça carteirinhas de sócios para todos (que tal colocar uma foto também?).
Anote as datas de retirada e de devolução. Aproveite os momentos de organização do acervo para ensinar a manusear o material corretamente: as páginas devem ser viradas com cuidado e com as mãos limpas para não rasgar nem amassar. Explique que é preciso se comprometer a devolver o gibi na data estipulada para que outros colegas possam ler depois.

2ª etapa Prepare transparências com algumas sequências e apresente as histórias com a ajuda de um retroprojetor. Faça uma máscara de cartolina para cobrir os quadrinhos, pois o ideal é mostrá-los um a um. Dessa maneira, todos vão fazer uma observação minuciosa das expressões fisionômicas dos personagens e dos detalhes das cenas. Chame a atenção para o formato dos balões e as onomatopéias. Depois de analisar cada um, pergunte: "O que será que vem no próximo?", para estimular as crianças a antecipar o enredo. Depois, leia o texto completo para a turma entender a sequência.

3ª etapa Para a leitura compartilhada, distribua exemplares do mesmo gibi para que todos possam acompanhar a história individualmente, em duplas ou trios. Depois que a turma tiver um bom repertório, escolha uma das histórias, recorte os quadrinhos e embaralhe-os. Organize a sala em grupos e distribua um montinho com uma sequência completa para cada um. O desafio é remontar na ordem correta.

4ª etapa Repita os momentos de leitura várias vezes durante a semana – o ideal é fazer disso uma atividade permanente durante o ano. É hora de chamar os pais que se dispuseram no início a participar do projeto para comparecer à sala. Eles podem ser leitores ou simplesmente ouvir as histórias na roda. Cuide para que esses momentos sejam bem descontraídos. Uma idéia é levar os pequenos para ler no parque. Outra, espalhar colchonetes e deixá-los curtir os quadrinhos à vontade.

Avaliação:
Para saber se os objetivos foram alcançados, observe se depois dessas atividades as crianças buscam espontaneamente a leitura de gibis e com que frequência, se comentam as histórias preferidas e se adquiriram o hábito de levá-los emprestados para casa.


BIBLIOGRAFIA
Como Usar as Histórias em Quadrinhos na Sala de Aula, Angela Rama e outros, 160 págs., Ed. Contexto, tel. (11) 3832-5838, 25 reais
Revista Nova Escola - Língua Portuguesa- Alfabetização inicial - Edição 208 12/2007

REVISÃO VAI ALÉM DA ORTOGRAFIA E FOCA OS PROPÓSITOS DO TEXTO

Produzir textos é um processo que envolve diferentes etapas: planejar, escrever, revisar e re-escrever. Esses comportamentos escritores são os conteúdos fundamentais da produção escrita. A revisão não consiste em corrigir apenas erros ortográficos e gramaticais, como se fazia antes, mas cuidar para que o texto cumpra sua finalidade comunicativa. "Deve-se olhar para a produção dos estudantes e identificar o que provoca estranhamento no leitor dentro dos usos sociais que ela terá", explica Fernanda Liberali.
Com a ajuda do professor, as turmas aprendem a analisar se ideias e recursos utilizados foram eficazes e de que forma o material pode ser melhorado. A sala de 3º ano de Ana Clara Bin, na Escola da Vila, em São Paulo, avançou muito com um trabalho sistemático de revisão. Por um semestre, todos se dedicaram a um projeto sobre a história das famílias, que culminou na publicação de um livro, distribuído também para os pais. Dentro desse contexto, Ana Clara propôs a leitura de contos em que escritores narram histórias da própria infância.
Os estudantes se envolveram na reescrita de um dos contos, narrado em primeira pessoa. Eles tiveram de re-escrevê- lo na perspectiva de um observador - ou seja, em terceira pessoa. A segunda missão foi ainda mais desafiadora: contar uma história da infância dos pais. Para isso, cada um entrevistou familiares, anotou as informações colhidas em forma de tópicos e colocou tudo no papel.
Ana Clara leu os trabalhos e elegeu alguns pontos para discutir. "O mais comum era encontrar só o relato de um fato", diz. "Recorremos, então, aos contos lidos para saber que informações e detalhes tornavam a história interessante e como organizá-los para dar emoção." Cada um releu seu conto, realizou outra entrevista com o parente-personagem e produziu uma segunda versão.
Tiveram início aí diferentes formas de revisão - análise coletiva de uma produção no quadro-negro, revisão individual com base em discussões com o grupo e revisões em duplas – realizadas dias depois para que houvesse distanciamento em relação ao trabalho. A primeira proposta foi a "revisão de ouvido". Para realizá-la, Ana Clara leu em voz alta um dos contos para a turma, que identificou a omissão de palavras e informações. A professora selecionou alguns aspectos a enfocar na revisão: ortografia, gramática e pontuação. "Não é possível abordar de uma só vez todos os problemas que surgem", completa Telma.
Quando a classe de Ana Clara se dividiu em duplas, um de seus propósitos era que uns dessem sugestões aos outros. A pesquisadora argentina em didática Mirta Castedo é defensora desse tipo de proposta. Para ela, as situações de revisão em grupo desenvolvem a reflexão sobre o que foi produzido por meio justamente da troca de opiniões e críticas. "Revisar o que os colegas fazem é interessante, pois o aluno se coloca no lugar de leitor", emenda Telma. "Quando volta para a própria produção e faz a revisão, a criança tem mais condições de criar distanciamento dela e enxergar fragilidades."
Um escritor proficiente, no entanto, não faz a revisão só no fim do trabalho. Durante a escrita, é comum reler o trecho já produzido e verificar se ele está adequado aos objetivos e às ideias que tinha intenção de comunicar - só então planeja- se a continuação. E isso é feito por todo escritor profissional.
A revisão em processo e a final são passos fundamentais para conseguir de fato uma boa escrita. Nesse sentido, a maneira como você escreve e revisa no quadro-negro, por exemplo, pode colaborar para que a criança o tome como modelo e se familiarize com o procedimento. Sobre o assunto, Mirta Castedo escreve em sua tese de doutorado: "Os bons escritores adultos (...) são pessoas que pensam sobre o que vão escrever, colocam em palavras e voltam sobre o já produzido para julgar sua adequação. Mas, acima de tudo, não realizam as três ações (planejar, escrever e revisar) de maneira sucessiva: vão e voltam de umas a outras, desenvolvendo um complexo processo de transformação de seus conhecimentos em um texto".
Ser autor exige pensar no enredo e na estrutura

O terceiro aspecto fundamental no trabalho de produção textual é garantir que a criança ganhe condições de pensar no todo. Do enredo à forma de estruturar os elementos no papel: é preciso aprender a dar conta de tudo para atingir o leitor. Esse processo denomina-se construção de um percurso de autoria e se adquire com tempo, prática e reflexão.
Os estudos em didática das práticas de linguagem fizeram cair por terra o pensamento de que a redação com tema livre estimula a criatividade. Hoje sabe-se que depois da alfabetização há ainda uma longa lista de aprendizagens. Foi considerando a complexidade desse processo que Edileuza Gomes dos Santos, professora da EM de Santo Amaro, no Recife, desenvolveu um projeto de produção de fábulas com a 3ª série.
Ela deu início ao trabalho investindo na ampliação do repertório dentro desse gênero literário. Só assim foi possível observar regularidades na estrutura discursiva e linguística, como o fato de que os animais são os protagonistas. "Escolhi esse gênero porque ele tem começo, meio e fim bem marcados, algo que eu queria desenvolver na produção da garotada."
A primeira proposta foi o reconto oral de uma fábula conhecida. "Isso envolve organizar ideias e pode ser uma forma de planejar a escrita", endossa Patricia Corsino, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Quando já dominamos todas as informações de uma narrativa, podemos focar apenas na forma de expor os elementos – mas esse é um grande desafio no início da escolaridade.
Na turma de Edileuza, as propostas seguintes foram a re-escrita individual e a produção de versões de fábulas conhecidas com modificações dos personagens ou do cenário. Aos poucos, todos ganharam condições de inventar situações. A professora percebeu que a turma não entendia bem o sentido da moral da história. Pediu, então, uma pesquisa sobre provérbios e seu uso cotidiano.
Com essa compreensão e um repertório de ditados populares, Edileuza sugeriu a criação de uma fábula individual. Ela discutiu com o grupo que elas geralmente têm como protagonistas inimigos tradicionais (cão e gato ou gato e rato, por exemplo). Estava colocada a primeira restrição para a produção. Em seguida, a classe relembrou alguns provérbios que poderiam ser escolhidos como moral nas histórias criadas.
Desde o início, todos sabiam que as produções seriam lidas por estudantes de outra escola, o que serviu de estímulo para bolar tramas envolventes. "Há uma diferença entre escrever textos com autonomia - obedecendo à estrutura do gênero, sem problemas ortográficos ou de coerência - e se tornar autor", diz Patrícia Corsino. "No primeiro caso, basta aprender as características do gênero e conhecer o enredo, por exemplo. No segundo, é preciso desenvolver ideias." Para chegar lá, a interação com professores e colegas e o acesso a um repertório literário são fundamentais.

Expectativas de aprendizagem de escrita

No que se refere à escrita, é importante que, no fim do 5º ano, o aluno saiba:

- Re-escrever e/ou produzir textos de autoria utilizando procedimentos de escritor: planejar o que vai escrever considerando a intencionalidade, o interlocutor, o portador e as características do gênero; fazer rascunhos; reler o que está escrevendo, tanto para controlar a progressão temática como para melhorar outros aspectos - discursivos ou notacionais - do texto.
- Revisar escritas (próprias e de outros), em parceria com os colegas, assumindo o ponto de vista do leitor com intenção de evitar repetições desnecessárias (por meio de substituição ou uso de recursos da pontuação); evitar ambiguidades, articular partes do texto, garantir a concordância verbal e a nominal.
- Revisar textos (próprios e de outros) do ponto de vista ortográfico.



Nova Escola Janeiro/Fevereiro 2009


Fonte: Secretaria de Estado de Educação de São Paulo e Diseño Curricular de la Educación Secundaria da Província de Buenos Aires, Argentina
Quer saber mais?

BIBLIOGRAFIA
Aprendendo a Escrever, Ana Teberosky, 200 págs., Ed. Ática, tel. (11) 3346-3000, 43,90 reais
Estética da Criação Verbal - Teoria e Crítica Literária, Mikhail Bakhtin, 512 págs., Ed. Martins Fontes, tel. (11) 3241-3677, 73,30 reais
Ler e Escrever na Escola - O Real, o Possível e o Necessário, Delia Lerner, 128 págs., Ed. Artmed,
tel. 0800-703-3444, 36 reais
Ortografia: Ensinar e Aprender, Artur Gomes de Morais, 128 págs., Ed. Ática, 36,90 reais

DICA DE LEITURA

BRUXA, BRUXA,
VENHA À MINHA FESTA



Uma garota pede que toda sorte de seres assustadores compareça a sua festa. E lá vão: bruxa, gato, espantalho, coruja, árvore, duende, dragão, pirata, tubarão, cobra, unicórnio, fantasma, babuíno, lobo e, epa!, Chapeuzinho Vermelho? Uma história diferente que mostra como a imaginação das crianças as faz capazes de se deliciar com a ideia do medo.

domingo, 26 de setembro de 2010

Vídeo

Apresentação do Contador de História
Rodrigo Libânio
Nas EMEBs: "Érico Veríssimo" e "Dulci Moreira de Araújo"

Vídeo - Contador de História